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FIFA teme nova manipulação de Del Nero na eleição da CBF

Rio de Janeiro, RJ, 28 (AFI) – Sob os olhares vigilantes da FIFA, maior entidade do futebol, e da Conmebol, Confederação Sul-Americana de Futebol, os dirigentes brasileiros continuam se articulando para a nova eleição da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que vai ser realizada até dia 25 janeiro. O edital de convocação – de federações e clubes – deve sair ainda nestes últimos dias do ano, portanto, é aguardado com muita expectativa.

Quem comandará a nova eleição é o interventor nomeado a partir do afastamento de Ednaldo Rodrigues. O processo está nas mãos de José Perdiz de Jesus, presidente do STJD – Superior Tribunal de Justiça Desportiva. A ideia era fazer a eleição na segunda semana de janeiro, porém, à pedido da Fifa e Conmebol o pleito pode acontecer na terceira semana, inclusive, com a presença de uma comissão das duas entidades internacionais.

Preocupadas com a briga entre os dirigentes no Brasil, as duas entidades seguem fazendo pressão. Elas enviaram duas cartas à CBF, inclusive, com uma ameaça de punições aos clubes e à seleção brasileira devido as intervenções judiciais ocorridas recentemente.

Estas ‘ameaças veladas’, porém, não tiram o sono dos cartolas, uma vez que qualquer sanção aos clubes teria efeito negativo, com prejuízo, para as próprias entidades. Por exemplo: como seria a Libertadores e a Copa Sul-Americana sem a presença dos clubes brasileiros? Seria um fracasso. O mesmo vale para a ausência da seleção brasileira em eliminatórias ou amistosos ou mesmo fora de uma Copa do Mundo.

VOLTA DE EX-DIRIGENTES
A FIFA estaria atenta nesta eleição à uma possível manipulação do ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que em abril de 2017, acusado por corrupção, foi banido do futebol pelo Comitê de Ética da entidade máxima do futebol mundial. A punição, em princípio, seria vitalícia – para o resto da vida – e excluía o dirigente de qualquer atividade relacionado ao futebol, tanto em termos administrativo, esportivo ou qualquer outro modo. A pena também foi bem clara, estendendo a punição tanto dentro do território brasileiro como em todo o mundo.

Del Nero, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, teria, segundo os órgãos esportivos, violado os artigos 21, de suborno e corrupção, artigo 20, relativo a oferecer ou aceitar presentes ou outros benefícios; artigo 19, que se refere a conflitos de interesses, além do 15, Lealdade, e 13, que se relaciona a regras de conduta.

Em setembro de 2021, Marco Polo teve a pena por corrupção reduzida a 20 anos, em medida tomada pelo Tribunal Arbitral do Esporte, situado em Lausanne, na Suíça. Ele tem, portanto, mais 17 anos de afastamento a cumprir, podendo voltar às atividades somente em 2041, quando vai ter 96 anos.

O dirigente foi eleito presidente da CBF em 2014, quando substituiu José Maria Marin, que depois foi preso por corrupção e cumpriu pena nos Estados Unidos. Del Nero foi alvo do FBI em 2015, por suspeitas de esquemas de corrupção, respondendo por sete crimes, três de fraudes, três de lavagem de dinheiro e uma por integrar uma organização criminosa.

Na época, os promotores norte-americanos acusaram Del Nero de ter recebido US$ 6.5 milhões de dólares (perto de R$ 33 milhões) por subornos para beneficiar contratos de marketing esportivos ligados a competições importantes, como a Copa América, Libertadores e Copa do Brasil.

Marco Polo e o ‘laranja’ Rogério Caboclo. Foto: Lucas figueiredo – CBF

EDNALDO FAZ ACORDO
Ednaldo Rodrigues, presidente destituído da CBF, sofreu seguidas derrotas na Justiça para tentar retornar ao poder e voltar a sentar na cadeira máxima da entidade nacional. Sob pressão ele se aliou a antigo inimigo político, Gustavo Feijó, presidente da Federação de Alagoas, o mesmo que iniciou o processo para a derrubada de Ednaldo.

Este processo, de 2018, teve a ação mantida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e se referia, ainda, à eleição de Rogério Caboclo, indicado por Marco Polo del Nero, e que também teve vida curta na cadeira poderosa da CBF. Um acordo foi fechado em 2022 entre o Ministério Público e a CBF para apaziguar os ânimos, que resultou na eleição de Ednaldo Rodrigues, então presidente interino, para um mandato até 2026. Dia 7 de dezembro último, porém, uma nova ação de Gustavo Feijó, agora em outra instancia, derrubou Ednaldo do poder, sem retorno.

Os dois – Ednaldo e Feijó – estariam alinhados, agora, à candidatura de Flávio Zveiter, ex-presidente do STJD e ex-diretor da CBF. De outro lado, numa tentativa de moralização e modernização da CBF está como candidato Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF).

Pela legislação vigente, uma chapa só pode ser registrada na nova eleição com o apoio de oito federações e cinco clubes. Na eleição, cada voto de uma federação tem peso 3 (três), clubes da Série A do Brasileiro, peso 2 (dois) e clubes da Série B, peso 1 (um). As 27 federações representam 81 votos, contra 40 da Série A e 20 da Série B. Um total de 141 votos.

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