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Ex-secretário-geral segue atuando na CBF mesmo após intervenção judicial

​Campinas, SP, 29 (AFI) – Mais uma polêmica surgiu em relação à situação na CBF, que passa por intervenção jurídica. Com a determinação do afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues, o secretário-geral Alcino Reis Rocha também precisou deixar o cargo. Entretanto, e-mails obtidos pela reportagem do site Poder 360 comprovam que ele ainda está atuando como se estivesse na posição.

Após o afastamento de Ednaldo, quem assumiu interinamente foi o interventor José Perdiz. Ele nomeou Caio Rocha como novo secretário-geral em 12 de dezembro. Entretanto, em 24 de dezembro, Alcino Rocha ainda estava conversando com pessoas da Fifa e da Conmebol para alinhar a visita que as entidades farão ao Brasil em janeiro.

Na resposta no e-mail, Alcino considerou a intervenção como ‘absurda e indevida’, que contradiz a autonomia da entidade. Disse ainda que aguarda pela visita e se colocou à disposição para qualquer medida necessária.

Ao ser questionado sobre a situação, Alcino Rocha explicou que é a Fifa e a Conmebol que ainda o tratam como secretário-geral, pois não reconhecem o interventor. Entretanto, sua participação em assuntos da CBF desrespeita uma decisão judicial.

QUEM É ALCINO ROCHA?

O baiano Alcino Rocha, sem qualquer vivência diretiva no futebol brasileiro, é conhecido há muito tempo por bajular pessoas do poder. Esteve atuando durante vários anos à frente do Ministério do Esporte, cuidando da parte do futebol. 

Na CBF, após a chegada de Ednaldo Rodrigues, Alcino passou a ser uma eminência parda (poderoso assessor ou conselheiro) e pode ser um dos responsáveis, junto com outros cartolas, pelo desgaste do presidente afastado judicialmente.

ENTENDA O AFASTAMENTO DE EDNALDO

O caso começou quando uma ação do MP-RJ pediu a anulação da assembleia geral realizada pela CBF, em março de 2017, que alterou regras eleitorais internas. Alegou-se, à época, que as modificações não teriam obedecido aos princípios da transparência e publicidade. Em 2021, essas alterações foram anuladas. Em consequência, foram debatidas novas regras com participação dos clubes e federações e realizadas novas eleições.

Em fevereiro de 2022, foi firmado acordo (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o MP-RJ e a CBF para conferir estabilidade em favor da entidade máxima do futebol. No começo deste mês, o TJ-RJ julgou a legalidade do TAC e anulou as assembleias da CBF.

No pedido de liminar negado pelo STF, o PSD sustentou que a manutenção do afastamento do presidente da CBF pode representar represálias por parte da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). José Perdiz de Jesus foi nomeado como interventor e presidente em exercício da CBF. Isso desagradou Fifa e Conmebol, que farão uma visita ao Brasil em janeiro.

Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues já havia recorrido no Supremo Tribunal Judicial (STJ) para reverter a situação, alegando que o seu afastamento coloca em risco “a organização do futebol no País e toda a sua cadeia econômica”. O pedido foi negado. O MP-RJ também foi ao STJ questionar a decisão do TJ-RJ, mas o Tribunal não aceitou a tese apresentada.

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