Mané Garrincha, 90 anos
BLOG DO ARI – ESPECIAL
Campinas, SP, 29 (AFI) – Se vivo fosse, o lendário ponteiro-direito Mané Garrincha completaria 90 anos neste 28 de outubro. O site oficial da CBF bem descreveu que ‘se a obra de arte requer beleza e harmonia em sua expressão maior, o legado de Garrincha não deixa dúvidas: foi um dos gênios do futebol-arte’. Ele explodiu na Copa do Mundo na Suécia, em 1958, pois, de reserva do flamenguista Joel, entrou na terceira partida, contra a extinta União Soviética, e seguiu até a conquista do título.
Dizem que, em meio à comemoração, teria murmurado ao zagueiro Belini:
“Eta torneinho curto e sem graça. Não tem nem segundo turno!”.
E com os seus dribles também foi protagonista no bicampeonato mundial de 1962, com passagem no selecionado estendida até 1966, quando totalizou 60 jogos, 17 gols, 52 vitórias, sete empates e uma derrota.
ENTRE OS DEZ MAIORES
Garrincha é tido como um dos dez melhores jogadores do planeta de todos os tempos. No Botafogo foram 614 jogos e 245 gols, nas décadas de 50 e 60. Foi quando debochava de seus marcadores ao chamá-los de João. Em situações que poderia progredir com a bola, insistia em mais um drible. Consequência disso, raivosos adversários deixaram marcas das travas de botinas nas pernas tortas dele, a esquerda 5cm mais curta que a direita.
Sem consciência dos malefícios de jogar com joelho lesionado, a queda de rendimento foi sintomática. E quando as pernas já não obedeciam ao cérebro, teimava entrar em campo e era anulado com facilidade. No final de carreira, Corinthians e Flamengo tentaram reabilitá-lo, porém sem sucesso.
TEMPOS ÁUREOS
Nos tempos áureos de Botafogo, Manoel Francisco dos Santos não se importava com o amanhã. Sem apego a bens materiais, gastava seu dinheiro sem dó. Sustentava pais, irmãos, parentes e torrava o resto com amigos em noitadas, bebedeiras e mulheres. Durante a farra, contava piadas e sorria à-toa. De vez em quando, abandonava treinos para caçar passarinhos e tomar cachaça com amigos de infância em Magé, interior do Rio de Janeiro, onde nasceu.
Após encerramento da carreira, ainda participou de jogos festivos de ex-atletas, da equipe Milionários. No final dos anos 70, refugiado no álcool, testemunhei um dos incontáveis pileques dele em balcão de bar, na cidade paulista de Pirassununga. Assim, foi destruindo a vida até a morte, em dia 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos de idade, vítima de cirrose hepática.